domingo, 31 de maio de 2009

Patativa do Assaré

Olá!

Ontem (30/05/09) foi exibido na emissora TV Diário, canal 22, no programa Cine Ceará, um documentário sobre o compositor, poeta e improvisador Patativa do Assaré.
Quem foi Patativa do Assaré?


Na verdade, Patativa do Assaré era um nome artístico (pseudômio) do Sr. Antônio Gonçalves da Silva.Nasceu em 5 de março de 1909, na cidade de Assaré (estado do Ceará) e faleceu no dia 8 de julho de 2002. Foi um dos mais importantes representantes da cultura popular nordestina.

Sua infância foi marcada por momentos difíceis. Nasceu numa família de agricultores pobres e perdeu a visão de um olho por motivo de uma doença. Começou a trabalhar cedo na roça para ajudar no sustento da família, pois o seu pai morreu quando tinha oito anos de idade.
Iniciou os seus estudos aos 12 anos de idade, mas permaneceu pouco tempo nos bancos escolares, e foi nessa idade que Antônio Gonçalves começou a escrever seus próprios versos e pequenos textos. Ganhou da mãe uma pequena viola aos dezesseis anos de idade. Muito feliz, passou a escrever e cantar repentes e se apresentar em pequenas festas da cidade.

Mas, por que Patativa?

Patativa é um apelido que lhe deram aos vinte anos de idade, pois é uma alusão ao pássaro de lindo canto. Numa época passou a viajar bastante por algumas cidades nordestinas se apresentando como violeiro.Cantou bastante na rádio Araripe.
No ano de 1956, escreveu seu primeiro livro de poesias “Inspiração Nordestina”. Com muita criatividade, retratou aspectos culturais importantes do homem simples do Nordeste. Após este livro, escreveu outros que também fizeram muito sucesso. Ganhou vários prêmios e títulos por suas obras.
Livros:
Inspiração Nordestina - 1956
Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa -1967
Cante Lá que Eu Canto Cá - 1978
Ispinho e Fulô - 1988
Balceiro Patativa e Outros Poetas de Assaré - 1991
Cordéis - 1993
Aqui Tem Coisa - 1994
Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré - 2000
Balceiro 2. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 2001
Ao pé da mesa – 2001
Poemas mais conhecidos:
A Triste Partida
Cante Lá que eu Canto Cá
Coisas do Rio de Janeiro
Meu Protesto
Mote/Glosas
Peixe
O Poeta da Roça
Apelo dum Agricultor
Se Existe Inferno
Vaca estrela e Boi Fubá
Você e Lembra?
Vou Vorá
Foi um poeta que se dedicou a produção de cultura popular, com o olhar para o povo marginalizado e oprimido do sertão nordestino. Com uma linguagem simples, mas poética destacou-se como poeta e até produziu literatura de cordel, porém nunca se considerou um cordelista.Ele mesmo diferenciava seus versos feitos em linguagem culta daqueles em linguagem do dia-a-dia (denominada por ele de poesia "matuta"). São tantos os títulos e prêmios que se colocasse aqui ficaria um post extenso demais, mas quem quiser verificar é só clicar:http://pt.wikipedia.org/wiki/Patativa_do_Assaré.

Não poderia deixar de expor dois belos vídeos. Primeiramente, de um áudio de Patativa do Assaré declamando "Minha mãe preta" e, em seguida, um trailer oficial do filme "Patativa do Assaré - Ave Poesia" de Rosemberg Cariry, que já está em exibição nos cinemas no centro da cidade de Fortaleza. Vale a pena conferir!



Beijos,
:)

Um comentário:

Sérgio disse...

Maravilha! Maravilha! Parabéns pelo texto Isabelle. Como é bom ver gente jovem como você, como a Elisa, as Meninas do Choro, enobrecendo nossa história e dando luz aos que a tornaram encanto para os olhos que a tateiam. Ver gente jovem falando de gente de outrora que nos deixou um legado de poesia, pensar social, amor à nossa terra e ao outro que habita o vasto mundo que deveria ser de todos.

Eita Nordeste! Terra de Catullo, de Ariano, de Patativa, de Graciliano, das Vidas Secas, de Antônio Conselheiro, da Triste Partida de Patativa e imortalizada na voz do Rei do Baião, de Dom Helder, de Lampião e Maria Bonita, dos Vaqueiros, dos Jangadeiros, das Mulheres Rendeiras, tantos e tantas, que, apesar da braveza e aridez dos tempos, volveram teu chão eternizando-o na escrita e na lira de tua lida.
Para homenagear esta brava e bela gente, de todo nordeste, e de Fortaleza, em especial, gostaria de deixar este poema de Patativa.

Cabra da Peste

Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas nunca esmorece, procura vencê,
Da terra adorada, que a bela cabôca
Com riso na bôca zomba no sofrê.

Não nego meu sangue, não nego meu nome,
Olho para fome e pergunto: o que há?
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.

Tem muita beleza minha boa terra,
Derne o vale à serra, da serra ao sertão.
Por ela eu me acabo, dou a prope vida,
É terra querida do meu coração.

Meu berço adorado tem bravo vaquêro
E tem jangadêro que domina o má.
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste fio do Ceará.

Ceará valente que foi muito franco
Ao guerrêro branco Soares Moreno,
Terra estremecida, terra predileta
Do grande poeta Juvená Galeno.

Sou dos verde mare da cô da esperança,
Qui as água balança pra lá e pra cá.
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.

Ninguém me desmente, pois, é com certeza
Quem qué vê beleza vem ao Cariri,
Minha terra amada pissui mais ainda,
A muié mais linda que tem o Brasi.

Terra da jandaia, berço de Iracema,
Dona do poema de Zé de Alencá
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.

Obrigado pelo Blog. Abraços

Sérgio Bitencourt/Goiânia